Fig. Assessment Systems and Electronic Portfolios: Balancing Accountability with Learning. (Barrett, 2005, p. 12)
O E-PORTEFÓLIO CAEL
Propósito
O e-portefólio CAEL constitui um elemento de avaliação desta unidade curricular (mestrado em Pedagogia do E-Learning 4ª edição, Universidade Aberta). Segundo as orientações deverá reunir produtos resultantes de cada actividade desenvolvida e reflexões pessoais sobre o processo de trabalho subjacente à sua realização. Este instrumento deverá agregar recursos diversos e pertinentes que complementem ou enriqueçam a abordagem da temática.
Constrangimentos iniciais
A primeira dificuldade na realização deste e-portefólio foi a falta de tempo para a elaboração cronológica, o “diário de bordo”, como seria o ideal. A realidade da concepção deste mestrado veio a demonstrar que as actividades realizadas online consomem muito tempo aos aprendentes, afirmo-o com a experiência de já ter frequentado na mesma instituição um curso de mestrado presencial. Esta UC não foi excepção – as actividades demoraram tempo a realizar-se, não só pelo factor ambiente online, mas também pelo facto de os colegas com quem trabalhámos serem pessoas exímias no seu trabalho e empenho e, por isso, forçando todos a dar o melhor de si mesmos, indo mais longe a cada actividade.
O segundo constrangimento foi a necessidade de ser o próprio aprendente a esquadrinhar uma estrutura para o portefólio. Penso que semelhante constrangimento pode não ter o mesmo peso e nem chegar a ser constrangimento para alguns colegas de mestrado. Para mim, representa constrangimento porque trabalho melhor, ou produzo melhor, quando tenho linhas orientadoras objectivas, o que pode estar relacionado com a forma de raciocinar, avessa a primeiras impressões, mais tendente a procurar relações de causa e efeito, a analisar e sintetizar. Esta tendência analítica projecta-se melhor quando orientada para propósitos claramente delineados.
Associado a este constrangimento está o receio de seguir um caminho que pode não ir ao encontro das expectativas da professora e que, tendo este instrumento um peso apreciável na avaliação da UC, isso implique uma desvalorização na avaliação. Vencida esta fase, encontrei uma estrutura organizativa própria.
Sou principiante em e-portefólio, mas não em portefólios tradicionais. Em 2008, tive 20 horas de formação sobre portefólios, na disciplina de Supervisão Pedagógica e Desenvolvimento Profissional, no âmbito do curso de Formação Especializada em Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores. No mesmo ano apliquei os conhecimentos adquiridos, ao integrar uma equipa multidisciplinar no Agrupamento de Escolas de Bucelas com a incumbência de elaborar uma “Proposta de Orientações para a Construção do Portefólio do Professor” para efeitos de avaliação de desempenho do pessoal docente. Já no âmbito do MPEL, para a UC de Comunicação Educacional elaborámos um portefólio de avaliação – para este trabalho foi muito vantajoso, para além das indicações do professor, o facto de este nos ter facultado portefólios de colegas da edição do mestrado anterior, com exemplos de bons portefólios.
Caracterização do e-portefólio CAEL
Barrett (2005) cita Barton & Colins (1993) para afirmar que o acto mais significativo na preparação do portefólio é a decisão sobre o propósito deste (p. 14). No sentido de seguir as orientações da UC, este portefólio assume uma faceta híbrida: é de aprendizagem, pelo teor reflexivo sobre o qual assenta, e é de avaliação.
Este portefólio evidencia uma voz de aprendente autêntica, tal como entendida por Barrett (2005, p. 10). Está patente desde logo na escolha da estrutura (a autonomia para seleccionar a estrutura tem a vantagem de tornar mais evidente essa voz) e nas descrições e considerações sobre a aprendizagem.
A um curso cuja sequência metodológica é apresentada de forma objectiva, clara e relativamente uniforme ao longo do tempo, adequa-se uma organização do e-portefólio também clara, simples e uniforme.
A estrutura do e-portefólio CAEL
Para ler facilmente o e-portefólio CAEL deverá aceder-se ao separador superior, barra horizontal, e clicar na página “E-Portefólio CAEL”, que funciona como uma espécie de índice automático para todos os posts pela ordem cronológica de desenvolvimento dos conteúdos do curso.
- O post Roteiro de Conteúdos enuncia os temas, objectivos, competências e respectivos recursos.
- Para cada tema há dois posts:
1.º post - A Actividade de Grupo, com a seguinte estrutura:
Apresentação do tema e da actividade;
1. Descrição e incorporação do trabalho de grupo;
2. Referência à contribuição individual (quando pertinente);
3. Redacção de reflexões a propósito da actividade, a que designei “considerações gerais”.
2.º post – Discussão no Fórum, com a seguinte estrutura:
1. Síntese dos assuntos abordados durante o debate;
2. Destaque do contributo individual. Neste espaço, em jeito de auto-avaliação, destaco temas ou iniciativas em que participei. (1)
3. Considerações gerais, em que apresento reflexões a propósito da actividade.
4. Bibliografia referida no debate. Durante os dias de debate, muitos colegas foram apresentando bibliografia quer para fundamentar ideias, quer simplesmente para partilhar. Considerei este aspecto muito importante e penso que a minha resolução de reunir as referências bibliográficas dispersas na imensidão de participações ao longo de cada debate geral uma mais-valia, um modo de agregar recursos, alguns preciosos.
Considerações finais sobre a elaboração deste e-portefólio
Reflectir requer tempo. Se inicialmente se escreveu que a falta de tempo para construir um verdadeiro diário de bordo foi um constrangimento, a verdade é que o tempo extra facultado pela professora no final da UC nos permitiu quer um conforto adicional quer o distanciamento que, às vezes, é necessário para apreciar algo sobre outros pontos de vista e como um todo.
Barrett utiliza o blogue “E-Portfolios for Learning”desde 2004, aí concentrando o seu “e-portefólio ao longo da vida”. Será que o blogue é a melhor ferramenta para todos os tipos de e-portefólio? Pessoalmente optei por usar o blogue de mestrado para a elaboração do meu primeiro e-portefólio porque o desígnio deste foi constituir o meu ambiente pessoal de aprendizagem. Antevi dificuldades desde a constituição inicial do e-portefólio, mas resisti a construir um novo blogue só para esse efeito. Admito agora que uma Wiki teria sido adequada à disposição organizada que este e-portefólio acabou por ter. Ligada à selecção do instrumento, surge o tipo de escrita. Será que eventuais leitores se comprazerão com a leitura de textos desta dimensão? Será que o blogue não requer uma escrita mais resumida e isso, por sua vez, não dificulta a redacção do pensamento reflexivo?
Não posso deixar de mencionar as vantagens mais visíveis da elaboração deste e-portefólio, designadamente a possibilidade de dispor, num espaço único, recursos que me serão futuramente úteis neste percurso de estudos em e-learning; a oportunidade de me estrear no universo dos e-portefólios e praticar, entre outras competências, a reflexão crítica sobre temas da concepção e avaliação em e-learning.
Aspectos a considerar na temática dos e-portefólios
Futuramente estarei mais desperta para questões decorrentes da construção de um e-portefólio, quer na perspectiva de estudante quer na de professora. Os meus objectivos pessoais centrar-se-ão:
- na exploração do blogue de Barrett;
- no aprofundamento do conceito de “reflexão” no âmbito do e-portefólio e nos modos de traduzir a reflexão na escrita online;
- na melhoria deste e-portefólio, por exemplo, agregando as produções dos colegas e criando ligações para os seus e-portefólios.
O que se depreende da bibliografia sobre e-portefólios (para além da anteriormente referida: Barberà, 2006; Amante, 2009; Attwell, 2009) é, a meu ver, uma exigência sobre a fundamentação (pertinência) e planificação rigorosa deste instrumento. Em e-learning, como temos à disposição uma panóplia de atracções tecnológicas, é fácil deixar-se seduzir pelas inovações com potencial educativo, sem conhecer os reais benefícios da adopção de tais estratégias. No que concerne a investigação nesta área, na senda das conclusões da Professora Lúcia Amante (2009), reforço a necessidade de desenvolver investigação aprofundada sobre este instrumento.
Referências bibliográficas
Amante, L. (2009). A Avaliação das Aprendizagens em Contexto Online: O E-Portefólio como Instrumento Alternativo. Actas da VI Conferência Internacional das TIC na Educação - Challenges 2009.
Attwell, G. (2009). A Reflection on Reflection. Pontydysgu (Blogue). Disponível em http://www.pontydysgu.org/2009/05/a-refection-on-reflection/. Acedido em 25/02/2011.
Barberà, E. (2006). Aportaciones de la tecnología a la e-Evaluación. RED. Revista de Educación a Distancia, Año V. Número monográfico VI.
Barrett, H. (2005). White Paper: Researching Electronic Portfolios and Learner Engagement. In Journal of Adolescent and Adult Literacy (JAAL-International Reading Association).
Barrett, H. (2007). How to use WikiSpaces to create an interactive electronic portfolio. Wiki. Disponível em http://eportfolios.wikispaces.com/how-to. Acedido em 25/02/2011.
Barrett, H. (s. d.). Using Blogger Pages to Create an ePortfolio. [Página de Blogue] E-Portfolios for Learning. Disponível em http://blog.helenbarrett.org/p/using-blogger-to-maintain-eportfolio.html. Acedido em 25/02/2011.
Notas
(1) A decisão de não incorporar neste espaço capturas de ecrã das minhas participações mais significativas no fórum de discussão da plataforma Moodle, prende-se com o factor privacidade (minha e dos colegas). No 1.º semestre, na UC de Processos Pedagógicos em E-Learning foi abordada a questão da transparência versus privacidade no ensino online e foi-nos dada a opção sobre o que publicar. Tal como o Professor Morten Paulsen, acredito que se deve pensar e seleccionar o que é tornado público. Barrett (2007) na página Wiki “eportfolios” afirma que cabe ao autor do e-portefólio decidir que partes são tornadas públicas e fornece indicações de como fazê-lo na Wiki. No blogue não há como fazê-lo. Para todos os efeitos, as participações de qualquer utilizador inscrito na disciplina de CAEL, no Moodle, estão acessíveis a todos os utilizadores e são facilmente pesquisadas.
"Para todos os efeitos, as participações de qualquer utilizador inscrito na disciplina de CAEL, no Moodle, estão acessíveis a todos os utilizadores e são facilmente pesquisadas." - Apenas enquanto as unidades estejam abertas. Depois, um dia, acabam por "fechar" e a questão é: E agora? Não quero dizer com isto que se deva partilhar tudo. Há, de facto, aspetos que devem ser salvaguardados. Mas, também é verdade que se se fecha, se não se mostra, há processos que se perdem porque não se dão a conhecer. É sem dúvida uma decisão difícil de tomar: publico ou não as minhas participações. Afinal, fazendo-o, expomo-nos, a nós e aos outros.
ResponderEliminarObrigada pelo teu comentário, Rosalina.
ResponderEliminarDe facto, o Moodle só está acessível para os utilizadores com acesso a determinada disciplina e enquanto esta se encontra aberta.
Há pelo menos duas questões amplas aqui em cheque: a 1.ª é a tipologia do curso e a 2.ª a questão da transparência vs privacidade. Por muito inovador que este curso de mestrado seja (por ex., privilegiando metodologias de colaboração e partilha), é um curso fechado no sentido em que é pago e centralizado numa plataforma reservada ao grupo/turma (diferente de um MOOC, em que tudo é aberto).
Embora ao longo do curso tivesse ficado perplexa quer com a leveza das referências ao assunto da transparência vs privacidade, quer com alguns modos práticos de lidar com a questão (à qual não se pode escapar), pessoalmente sempre considerei importante não só estar consciente desta dicotomia, como também, enquanto estudante, ter alguma autonomia para selecionar o que tornar público. Neste caso específico, o portefólio constituía um requisito para a avaliação, mas não era obrigatório publicar extratos das participações nos fóruns da plataforma Moodle (as quais, aliás, entrariam num parâmetro de avaliação próprio).
Os colegas da Universidade Aberta que queiram aprofundar o assunto para efeitos de investigação poderão contatar a coordenadora do mestrado para saber das possibilidades de acesso ao espaço da disciplina.
Um abraço,
Paula